Renato Ribeiro
A novela que completa um mês no ar, Um Lugar ao Sol, escrita pela já consagrada Lícia Manzo (autora de A Vida da Gente e Sete Vidas) vem amargando inúmeros recordes negativos, até a data de hoje a novela acumula 22.6 pontos, um média pífia que nem mesmo a tenebrosa Babilônia (25 pontos) conseguiu marcar, para efeito de comparação, há um ano atrás era exibida a reprise de Eta Mundo Bom no qual finalizou a sua passagem com incríveis 21.6, diferença de um ponto, isso sendo exibida no horário da tarde.
Muitas matérias já falam sobre os motivos do fracasso retumbante da novela que foi responsável por trazer de volta as novelas inéditas no horário de maior prestigio da TV, entre os motivos, o principal é o descaso e boicote que a própria Globo teve com o lançamento da novela, priorizando muito mais a sua sucessora que é Pantanal, do que Um Lugar ao Sol, a emissora só se esquece que para ter gente assistindo a próxima novela rural, a sua antecessora terá que entregar com números pelo menos medianos, se não, o esforço para a saga de Juma Marruá ser um fenômeno como eles desejam será bem maior.
No entanto, a reflexão que quero tratar com vocês é: Será que a novela conseguirá se reerguer? O que você, leitor, acha? Eu particularmente acho que não, e são esses motivos que irei listar aqui.
1. Não é uma novela farofa.
Como já disse anteriormente, a autora, escreveu grandes novelas como A vida da gente e Sete Vidas. Novelas lindas, com ótima direção, ótimos diálogos, tudo muito bom, mas apesar de ambas terem sidos muito elogiadas, nenhuma foi considerada um sucesso, as duas não fizeram feio no IBOPE mas também não são nenhum fenômenos, como se diz, elas fizeram seu dever de casa. Não existe um apelo ou qualquer reviravolta mirabolante previsto para os próximos capítulos, como foi o caso da guinada de O Outro lado do paraíso (a volta de Clara), até mesmo porque esse tipo de manobra textual não faz jus ao estilo narrativo da autora.
2. Período exibido.
Historicamente o período de festas de fim de ano seguido de verão e carnaval é um período em que as pessoas saem mais de casa e não assistem muita tv, e esse ano ainda tem o bônus de estarmos (ainda bem) vivendo um momento de afrouxamento nas medidas de prevenção ao COVID-19 e Um Lugar ao Sol irá terminar dia 11/03, uma semana após os festejos de carnaval, ou seja, os momentos decisivos da trama que geralmente atraem mais público serão exibidos num período de feriado que até os mais noveleiros (como eu) deixam a tv um pouco de lado.
3. Descaso com os primeiros capítulos.
Ao não ser que você se chame Walcyr Carrasco, os primeiros capítulos são extremamente cruciais e importantes para consolidar e fidelizar o público a assistir sua obra e tudo o que não houve com Um Lugar ao sol em seus primeiros capítulos foi a fidelização de público, tendo em vista que estreou em semana de feriado e principalmente o horário bailarino, um dia sendo exibido às 20:30 e no outro às 22:30! Um verdadeiro descaso da emissora com o público e com as pessoas envolvidas na produção da novela. Assistir novela é um hábito, onde se tem um horário certo para sentar na frente da tv e acompanhar a história, afinal, ninguém vai ligar a tv passado um mês de exibição e começar a torcer por um protagonista controverso sem entender o como ele chegou até aquele ponto de usurpar a vida de seu irmão, e parece que mesmo com seus 56 anos de história que a ex-platinada tem, eles esquecerão desse conceito tão fundamental para a teledramaturgia. Agora que estão colhendo os frutos desse descaso, eles querem correr atrás do prejuízo relançando a novela e disponibilizando seus primeiros capítulos abertos no globoplay, mas o prejuízo está aí e a conta chegou.
Quem perde é o público
Estamos caminhando para recordes históricos nesse fim de ano, e posteriormente amargar o posto de novela menos vista das 21:00, tirando Babilônia de seu posto.
Daqui alguns anos a novela ou receberá a aclamação necessária ou cairá no esquecimento popular, já que apenas serviu de sala de espera para Pantanal, mas a pura verdade é que estamos com um folhetim na sua mais pura fórmula, com drama, romance, um toque de comédia, apelo social, um verdadeiro cristal lapidado que estávamos carente após tantas reprises, mas que devido a inúmeros motivos está passando despercebido aos nossos olhares, pobre de quem está perdendo esse novelão.
