A nova série original Globoplay é Desalma, uma drama sobrenatural de Ana Paula Maia. Em 1988, o desaparecimento de uma jovem choca a população de Brígida e a tradicional festa de Ivana Kupala é banida do calendário. Trinta anos depois, a cidade se prepara para trazer a celebração de volta, mas eventos enigmáticos passam a acontecer. A trilha sonora da série chama muita atenção, com músicas originais e regravações ucranianas. Na produção musical temos Alexandre de Faria, que tem no currículo “Deus Salve o Rei” e “Salve Jorge”, e no sound designer temos o alemão Alexander Wurz, em seu currículo a aclamada série da Netflix “Dark” e “Cold Hell”, filme de 2017. A sonoplastia e a trilha sonora são elementos fundamentais para construir toda a atmosfera sobrenatural de Brígida, pequeno vilarejo de imigrantes ucranianos no sul do Brasil. Sons e ruídos atravessam as sequências e ajudam a imprimir um universo fluido, único e misterioso.
“O convite para ser um consultor criativo para uma série dramática sobrenatural foi muito emocionante porque o desafio era priorizar cenas-chave da série. Analisamos como podíamos transpor e destacar cenas importantes e implementá-las em um design de som criativo”, pontua Alexander.
O diretor artístico Carlos Manga Jr. optou por uma trilha sonora que quebrasse a expectativa do público ao longo da narrativa. “Usamos uma sonoridade que contrasta com a atmosfera do leste europeu que temos em relação à fotografia e composição de quadro. Temos, por exemplo, a sonoridade do teclado que dá um tempero pop em cima de uma imagem que teoricamente você esperaria ouvir um violino. Assim, a gente pode usar o violino em momentos específicos com sua devida importância”, explica. “A trilha sonora sempre foi um pilar essencial para o gênero. Contudo, é um gênero que pode facilmente cair no óbvio, em clichês clássicos. A nossa primeira premissa foi estar o mais longe disso tudo. Quando o Manga me disse que queria música eletrônica e me trouxe um conceito todo elegante e moderno, eu amei”, explica Alexandre de Faria, Produtor Musical e responsável pela composição da música original da série.
Essa ruptura de paradigma também teve inspiração nas bandas ucranianas contemporâneas, que utilizam instrumentos tradicionais em uma roupagem atual, em um estilo “pop vintage”. Uma das bandas é a DakhaBakha. Seguindo essa linha de contraste, por exemplo, será possível ouvir toda a música visceral da banda Sepultura em uma canção pop de sucesso dos anos 80, a Tainted Love, especialmente para “Desalma”. E uma versão de Gravedigger, sucesso de Dave Matthews, na voz de Dan Torres.
Repleta de magia, a série ainda conta com diversos cânticos ucranianos e um deles, o Plyve Kacha, é entoado pela cantora e atriz da série Bela Leindecker, que interpreta Natasha. Ela também canta, junto com Alexandre de Faria, a famosa canção Marusia. A trilha ainda é composta por música russa, como a banda de rock Voskreseniye.